Líder de neoliberais de Internet “descobriu” que Doria é “barco furado” 😂

Usando metáforas de marinheiro, editor do Spotniks "descobre" o que é público e notório desde os anos 80: Doria é um "barco furado". Inocência ou cinismo?10 min


Nesse "barco furado" quem realmente afunda é a cidade de São Paulo.

Seja bem-vindo à “Miguxices”, a nova categoria do site Anarcomiguxos. Nela pretendemos expor as falácias e demais desonestidades que repercutem nas redes sociais (e você pode contribuir nos mandando seu texto aqui). O senhor Rodrigo da Silva, editor do Spotniks e um dos líderes dos neoliberais de internet, será o miguxo que terá honra de estreá-la.

Rodrigo da Silva
Rodrigo da Silva, editor do panfleto neoliberal Spotniks.

Rodrigo da Silva, assim como Kim Kataguiri, Felippe Hermes e Renata Barreto, é mais um neoliberal de internet que alçou à condição de subcelebridade graças à crise dos governos Dilma. Mas, diferentemente dos citados, da Silva chama a atenção pela maneira que se expressa, a qual encanta até algumas pessoas de esquerda.

Apresentando uma escrita de jornalista acima da média (o que não é elogio), da Silva segue um padrão inspirado em Ernest Hemingway nos EUA: orações nanicas, às vezes só com uma palavra, escrita taquigráfica, parágrafos muito curtos. Aqui no Brasil, quem fez algo similar foi o Graciliano Ramos. Aliás, o próprio Olavo de Carvalho estava “zoando” esse tipo de escrita um tempo atrás:

Olavo de Carvalho

Apesar disso, os jornalistas mais espertos usam muito essa técnica, porque torna o texto mais fácil de memorizar. Consegue imaginar uma música com uma só nota repetida? É fácil de lembrar dela, né? É algo similar nesse tipo de escrita. As orações pequeninas ajudam a guardar o texto na memória.

Além do estilo aparentemente eloquente, outra característica dos textos do da Silva são as inúmeras falácias que ele usa para atacar a esquerda, em especial as do espantalho (aqui mesmo vocês poderão conferir algumas) e o seu cinismo.

No entanto, isso não impediu que ele caísse nas graças de jornalistas da grande mídia, como Cora Ronai, Ricardo Rangel e Jorge Pontual, da Globo, além de ter textos seus publicados na revista Veja. Pois não basta os barcos furados Rodrigo Constantino e Leandro Narloch, o lance dos caras parece ser empurrar a ideologia neoliberal, custe o que custar, mesmo que para isso precisem alavancar evidentes embustes.

Defensor de João Doria nas redes sociais, no dia 19 de outubro, da Silva soltou o seguinte textão lacrador, mostrando um misto de indignação e surpresa:

Rodrigo da Silva

Mas será que por trás dessas metáforas de marinheiro realmente existe indignação e surpresa ou o senhor da Silva só está querendo tirar o seu da reta diante da administração cada vez mais vexatória de João Doria na prefeitura de São Paulo? Será mesmo que o senhor da Silva foi enganado todo esse tempo pelo presidenciável do MBL? Vejamos.

“João Doria é provavelmente o maior barco furado da história recente da política brasileira”? Recente??? Macacos me mordam!

É mesmo? E ele descobriu isso só agora? E da história recente? Como assim?

Em 1982, Doria se tornou Secretário de Turismo de São Paulo e presidente da Paulistur (1983-1985), na prefeitura de Mário Covas, por indicação de Franco Montoro, que era amigo do pai de Doria. Tanto que, não esquecendo a ajuda de Montoro, o qual o iniciou na política, Doria retribuiria esse favor décadas depois, em 2017, nomeando seu neto, André Pacheco Silva Franco Montoro, como assessor técnico na Secretaria Municipal de Inovação e Tecnologia  na prefeitura de São Paulo.

Mal começamos a falar sobre a trajetória de Doria na política e já podemos conferir que ele se beneficiou logo de cara de nepotismo, isto é, já era um barco com furos em sua inauguração lá no início dos anos 80!

Como presidente da Paulistur, se mostrou um administrador incompetente, não conseguindo reverter o déficit da empresa e ainda a utilizando como um meio de se projetar na política. Hoje Doria se vende como privatizador, para surfar na onda neoliberal da direita crente no deus mercado, mas, quando presidente da Paulistur, fez de tudo para mantê-la como empresa pública, mesmo deficitária, opondo-se à sua privatização levada a cabo pelo então prefeito Jânio Quadros. Ou seja, quando teve a oportunidade de usar empresas públicas para bancar seu projeto político, o prefeito, que se vende como privateiro hoje, se mostrou um estatólatra, que fez de tudo para a Paulistur deixar de ser municipal para passar para a esfera estadual, podendo assim escapar da privatização iniciada por Jânio. Mário Covas, o qual nunca suportou Doria, percebendo a sua real intenção, aconselhou Montoro a não entrar nesse “barco furado”.

Ainda, como presidente da Paulistur, se mostrou um embusteiro. Prometeu organizar um festival de rock na Praça da Sé, chegando a fazer publicidade para o evento e, quando chegou o dia do show… Cadê o palco? Cadê os equipamentos de som? Cadê toda a estrutura necessária pro show que Doria havia prometido? O resultado não poderia ser outro: os roqueiros se organizaram para fazer um protesto que simplesmente parou o centro da cidade de São Paulo.

Pouco tempo após sua passagem pela prefeitura de São Paulo, precisamente em 1988, Doria se tornou presidente da Embratur no governo do ex-presidente José Sarney. Ali, de acordo com o TCU, cometeu diversas irregularidades, como contratar empresas sem licitação, o ocultamento de 1,3 milhão de dólares recebido da Comunidade Europeia, pagamento de custos no exterior para seus assessores enquanto eles estavam no Brasil, corrupção passiva (inclusive com envolvimento de parentes do Doria), desvio de dinheiro, etc.

Doria, assim como o Lula, que ele diz ser um inimigo para capitalizar em cima do anti-petismo, disse na época “não saber de nada”. Hoje se defende dizendo que toda contabilidade da Embratur em sua gestão foi aprovada pelo TCU, porém a parte que ele não conta é que isso foi uma decisão política, intervindo ao seu favor Adhemar Paladini Ghisi, o próprio ministro do TCU na ocasião.

Portanto, avisem ao senhor Rodrigo da Silva que o Doria está, nada mais, nada menos, há mais de 3 décadas na política e cometendo irregularidades! Há mais de 3 décadas ele é um “barco furado”, mas que nunca afunda graças a pessoas como o da Silva, o qual, em vez de denunciar esse histórico, dá uma de coitadinho que não sabia de nada, sendo que tudo isso está acessível. Bastava procurar no Google.

Doria está muito mais tempo na política que a Luciana Genro ou Marcelo Freixo, os quais preocupam tanto o da Silva. Mais tempo que Lindbergh Farias, que era  um jovem cara pintada em 1992, durante o governo Collor, posterior ao governo do Sarney do qual Doria fez parte. Os “soças” que costumam ser o alvo dos textões do da Silva no Facebook podem ser considerados vanguarda da política perto do “recente barco furado”.

Talvez o editor do Spotniks percebesse isso, se, ao contrário de tentar demonizar a esquerda o tempo todo, fazendo textões até para atacar o Gregório Duvivier, tivesse mesmo disposto a representar uma “nova direita”. Mas o senhor da Silva não passa da velha direita de indignação seletiva, que abandona o barco assim que percebe não ter mais como tapar os furos do seu casco.

Mas continuemos com o chorume fingido do senhor Rodrigo da Silva.

“O líder máximo da República do Cashmere tinha tudo que precisava à disposição. Era um outsider, bom de gogó, com novas soluções para velhos problemas, vontade de trabalhar e dedo em riste para o crime.
Não é muito difícil imaginar a consequência de toda essa propaganda. Foi mole comprar o ticket de embarque.”

Um outsider? Risos.

Ser “bom de gogó” é qualidade ou requisito para qualquer um que quiser entrar na política?

Novas soluções?

Desde quando se apresentar como gestor, trabalhador que dorme apenas 4 horas por dia (risos) e apresentar as privatizações como solução aos problemas de uma cidade é algo novo mesmo? Essa demagogia de dizer que não é político, mas gestor, é uma cantinela cantada por Maluf desde que ele entrou na política, faz parte da “filosofia” malufista inclusive. Privatizações até o governo Dilma fazia e nossos problemas continuam. Então, onde o senhor da Silva viu novidade, afinal?

Rodrigo da Silva usa teorias furadas para tapar os furos do barco Doria

E eu sei o que o senhor Rodrigo da Silva quis dizer com “dedo em riste para o crime”. Ele se refere ao combate iniciado por Doria contra as pichações, fazendo um texto inclusive, no qual defende esse conservadorismo disfarçado de “combate ao crime” com uma falácia, baseada na furada Teoria da Janela Quebrada. Segundo senhor da Silva, baseando-se em tal teoria, uma cidade limpa inibiria o crime, pois os “vândalos” veriam que nada está abandonado, que existe uma vigilância para manter a cidade livre de depredações, o que os inibiria a praticar vandalismo e, consequentemente, crimes violentos (sim, a teoria é tão escrota que define pichadores como o ponto de partida para o crime).

Para exemplificar, ele cita a administração do republicano Rudolph Giuliani como prefeito de Nova Iorque e sua política de tolerância zero. Durante o período em que Giuliani foi prefeito dessa cidade,  a criminalidade de fato decaiu. Contudo, tal teoria é questionada entre os próprios estadunidenses, já que entre os reais fatores que diminuíram a criminalidade em Nova Iorque estão o trabalho de recuperação de jovens em suas próprias comunidades, mudança no padrão de consumo de drogas, mudanças demográficas, queda do desemprego, aumento do salário mínimo e até taxa de abortos, não tendo sido observado em nenhum deles o fator apontado pela Teoria da Janela Quebrada.

Além disso, houve um queda da criminalidade na década de 90 em todos os EUA, cujas causas são motivo de debate até hoje. Nova Iorque, antes da prefeitura de Giuliani, já apresentava uma queda no número de homicídios. Assim fica evidente que o republicano, assim como Doria, abusou do marketing político se aproveitando dessa tendência nacional.

É interessante notar que, se pesquisarmos no google sobre as causas da queda da criminalidade em Nova Iorque, encontraremos vários estudos e artigos que invalidam a Teoria da Janela Quebrada. Neles podemos conferir que é consenso nos EUA que não foi a política da tolerância zero de Giuliani que diminuiu a criminalidade em Nova Iorque.  O senhor da Silva muito provavelmente viu isso quando preparava o artigo para defender a política higienista do Doria, mas fez a egípcia, do contrário perderia o único argumento que encontrou para defender o indefensável.

“Shut up and take my money.”

Não queria comentar isso, mas não é a primeira vez que vejo o senhor da Silva usando frases em inglês em seus pedantes textos. Estamos em 2017 e parece que no Brasil falar frases em inglês ainda impressiona as pessoas.

Para quebrar esse encanto, talvez fosse válido lembrarmos que em países como Holanda, Áustria, Dinamarca, Noruega e Suécia o inglês é falado por quase toda a população. Nesses países, o diferencial é os caras falarem uma terceira língua, além da materna e do inglês; e a gente aqui, nessa mediocridade, nessa cafonice de enfiar frases de efeito em inglês nos nossos discursinhos do cotidiano, numa tentativa de torná-los memoráveis até o dia seguinte.

Não por acaso isso ocorre no país dos cursinhos privados de inglês, que muito raramente tornam alguém fluente nessa língua. Neoliberal de Internet usar frases em inglês em seus textões para impressionar é a prova do fracasso da iniciativa privada no ensino de línguas num país em que o sucateamento do ensino público é um projeto bem sucedido. Além, claro, desse hábito mostrar o quanto essas criaturas são colonizadas.

“Doria virou o namoradinho da classe média brasileira.”

Com a ajuda do senhor da Silva, como já mencionado acima.

Rodrigo da Silva continua com metáforas toscas de marinheiro, na tentativa de florear o seu textão de amante traído. Parece que ele estava lendo algum livro tendo como tema a vida costeira e, ao terminar, saiu correndo pra escrever essa joça, chupinhando todas as metáforas que achou no livro. Um passarinho pousou no meu ombro e deu um palpite, cochichando no meu ouvido, de que o senhor da Silva acabou de ler o livro “O Velho e o Mar”, de Ernest Hemingway e, ao terminar, saiu correndo para escrever esse chorume.

Finalizamos este texto com uma homenagem ao senhor da Silva, em que parafraseamos o seu próprio textão piegas para revelar o que de fato ele é:

Rodrigo da Silva é provavelmente o maior dramático recente da Internet brasileira.

O líder máximo dos Neoliberteens Internéticos tinha tudo que precisava à disposição. Era um outsider, bom de metáforas marítimas, vontade de refutar a esquerda e um “novo” político, Doria, supostamente quebrando paradigmas à mão.

Não é muito difícil imaginar a consequência de todo esse modus operandi. Foi mole comprar o ticket de embarque no navio do Doria. Shut up and take the Doria’s money. Doria virou o amor platônico dos neoliberteens. Em grupos de internet desesperados pra encontrar uma alternativa viável ao PT, o prefeitop de São Paulo convidava os neoliberteens para um passeio de iate para atravessar o terrível oceano lulista rumo a uma terra de livre mercado sem “esquerdismo”.

Só havia um problema: Doria, o boneco do Alckmin, não dava uma dentro. O iate, na verdade, era uma canoazinha de madeira, pequena, sem espaço, sem força pra aguentar sequer uma piscina de plástico.

Rodrigo já sabia disso desde o início, mas agora não poderia mais esconder: o iate era mesmo um caiaque furado.

Como dizer isso a todos os neoliberteens que foram convidados para um passeio no iate?

Fingir que foi uma traição. Uma inocência. Inventar estória de pescador para justificar sua posição. Fazer de conta que foi uma tempestade imprevista, que as bússolas e os mapas de navegação falharam.

Abandonar o caiaque antes que afundasse de vez. Jogar-se ao mar antes de entrar na área em que os tubarões da anarcomiguxos o devorem impiedosamente.

É essa a saída na hora do naufrágio: transformar-se em peixe pequeno, cabeça de bagre, ancorando suas pretensões de vanguarda internética atrás de dramáticas decepções políticas.

Agora, apostando sua credibilidade na burrice da tripulação, lutando como pode, afundado em metáforas repetitivas sem fim, tentando transformar seu cabo das tormentas em boa esperança.

Parece tarde.

Rodrigo da Silva virou um náufrago pegando uma boia no drama da decepção. Decadente. Agonizante. Solitário num mar de trapalhadas tucanas.

Será que o textão do Rodrigo da Silva chegou aos também “inocentes” integrantes do MBL, que querem o Doria como presidente? Será que eles irão chamar o Doria de extrema-esquerda quando “descobrirem” o óbvio também?

Texto feito com a colaboração de Silv C.


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